“No futuro não haverá líderes femininas; haverá apenas líderes.” Essa citação da bem-sucedida empresária norte-americana Sheryl Sandberg, escritora e chefe operacional do Facebook, revela que paulatinamente os tempos mudam e a liderança feminina no mercado de trabalho se faz cada vez mais presente.
Mesmo assim, o caminho é envolto em uma série de desafios. Para se ter uma ideia, em 2018, apenas 24 mulheres ocupavam cargos de CEO em empresas da lista Fortune 500, em torno de 5% do total de líderes. Isso mostra que ainda há pouca movimentação de mulheres nessas posições de alto escalão.
Contudo, como toda mudança cultural é um processo lento, felizmente, muitas organizações já perceberam que a liderança feminina é um contraponto de peso ao líder masculino histórico. Vamos refletir sobre isso?
A contratação da mulher para cargo de liderança ainda enfrenta obstáculos
Apesar de as posições de CEO ainda serem ocupados majoritariamente por homens, as mulheres estão, de fato, mais presentes em cargos estratégicos. Isso é comprovado por pesquisas, como a International Business Report (IBR): Women in Business, promovida pela Grant Thornton, entre 2017 e 2018.
Após ouvir 4.995 organizações em 35 países, foi constatado que, naquele período, a liderança feminina subiu de 66% para 75%. No Brasil, 29% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres, ultrapassando a média mundial.
Francesca Lagerberg, líder global responsável pelo estudo da Grant Thornton, ressaltou que as entrevistas sugerem o quanto as organizações estão atentas aos benefícios da diversidade de gênero para o sucesso dos negócios. Segundo ela, um dos principais motivos para isso são as presentes inovações tecnológicas e a volatilidade da economia.
Ao promover culturas inclusivas de diversidade de gênero, uma ampla quantidade de vozes passam a ser ouvidas. Mais que um exercício fútil de as organizações serem bem-vistas, essa mudança comportamental pode gerar resultados reais de competitividade.
No entanto, esse esforço ainda não é linear e algumas empresas insistem em manter equipes amplamente masculinas, sem dar espaço ao equilíbrio de gênero.
Os principais desafios enfrentados pela mulher em cargo de liderança
Veja, agora, alguns desafios que as mulheres têm de vencer para conquistar cargos de liderança e manter sua respeitabilidade.
Cultura patriarcal machista
Ao longo dos séculos, as mulheres geralmente foram colocadas em posição inferior ao homem ― situação que ainda persiste nos dias de hoje e ascende movimentos feministas ao redor do mundo. Nas empresas não é diferente e há quem ache que mulheres não sabem trabalhar tão bem quanto os homens.
Além disso, mesmo com uma visão menos sexista, digamos, certos líderes acreditam que a diversidade de gênero em uma equipe estratégica pode atrapalhar a maneira de pensar os negócios. Portanto, teoricamente, se a equipe é formada apenas por homens, há mais facilidade de compartilhar opiniões e visões, o que acaba colocando o gênero masculino em evidência na hierarquia.
Autossabotagem
Enfrentar um universo altamente machista não é fácil. Principalmente as gerações mais antigas de mulheres aprenderam que nunca deveriam se mostrar fortes, assertivas ou visionárias; a posição de liderança pertence aos homens, que são extrovertidos e poderosos.
Não à toa, essa noção de que mulheres não deveriam ousar ser fortes e destemidas trouxe a elas muita insegurança. Como resultado, há menor autoincentivo à ascensão profissional e, tampouco, confiança, motivação ou encorajamento, que definitivamente extinguem qualquer senso de liderança.
Dificuldade de empoderamento
Assumir um papel de liderança significa estar totalmente preparada para liderar e se ver como líder. Contudo, essa é uma tarefa difícil para muitas mulheres, que acabam por permanecer em uma zona de conforto. Assim, deixam de exibir importantes qualidades e habilidades que certamente têm, para, enfim, se destacarem e serem reconhecidas.
Dessa forma, permanecem em cargos menos valorizados e, não raro, recebendo salários inferiores.
Conciliar múltiplos papéis
Sobretudo ao tornar-se mãe, a mulher no mercado de trabalho assume diferentes papéis ao mesmo tempo. Embora os companheiros também passaram a tomar maior iniciativa nas questões domésticas e criação dos filhos, a mulher ainda precisa conciliar diferentes responsabilidades e preocupações, que a colocam em xeque para buscar melhores chances de destaque no mercado.
Dada a pressão psicológica que o mundo corporativo e a vida doméstica exercem sobre as mulheres, muitas vezes, isso as faz estagnar. Soma-se, ainda, um sentimento de culpa ao ocuparem-se profissionalmente, o que diminuiria sua responsabilidade como mães.
Sexismo e assédio
Embora esses dois tipos de violência possam atingir qualquer gênero, as mulheres, em especial, são muito afetadas. Enquanto a discriminação por gênero contribui para que as mulheres não alcancem a plena autorrealização profissional, por exemplo, em cargos de liderança, o assédio também está presente.
Nesse último caso, normalmente acontecem duas coisas: ou a mulher aceita passivamente, a fim de prosseguir na ascensão de sua carreira, ou decide enfrentar e pôr sua trajetória em risco.
A superação desses desafios é possível
Felizmente, a ampla discussão, acerca do empoderamento feminino e dos benefícios de se ter em evidência políticas internas de valorização da diversidade de gênero, permite que o ambiente corporativo se transforme positivamente.
Então, separamos para você, algumas formas de superar esses desafios e incentivar a contratação de lideranças femininas.
Eduque seus colaboradores para conceber a diversidade
Conceber a diversidade no ambiente corporativo exige uma série de estratégias educativas. Por isso, programas e políticas de diversidade e inclusão podem trazer recompensas reais. Portanto, devem ser abraçados pelo coração da empresa.
No caso da diversidade de gênero, você pode seguir alguns passos, como:
- promova uma nova visão sobre o tema dentro de sua cultura organizacional;
- crie ciclos de debates e atinja áreas predominantemente masculinas;
- desenhe políticas de processos seletivos e desenvolva lideranças femininas;
- coloque as mulheres de sua organização em evidência, valorizando publicamente seus feitos.
Distribua os talentos femininos de modo estratégico
Dependendo do segmento da empresa, é possível que algumas áreas tenham um número maior de homens. No entanto, na medida do possível, crie equipes com uma quantidade equilibrada de profissionais de ambos os gêneros.
Dessa forma, é possível incentivar maior interação e abrir mentes mais cerradas à cooperação feminina. O que, sem dúvida, pode fazer uma grande diferença na produtividade e nos resultados.
Garanta flexibilidade nos cargos de confiança
Como dissemos, a dupla jornada (pessoal e profissional), muitas vezes, pode afastar as mulheres dos cargos de liderança. Por esse motivo, dentro das políticas de valorização da diversidade de gênero, é fundamental que as empresas flexibilizem a jornada de trabalho, para que as líderes consigam manter a rotina que o cargo exige, sem prejudicar nenhum dos lados.
Um exemplo disso é o próprio home-office ou a jornada parcial, que dão bastante liberdade à mulher para cuidar dos filhos. Sobretudo, em momentos como na amamentação ou na fase de adaptação escolar, em que é exigida maior dedicação da família.
Com uma economia global se transformando tão fortemente, não é mais possível pensar a gestão empresarial comandada somente por um único gênero. Mais que a utopia de um mundo igualitário, a liderança feminina no mercado de trabalho é uma necessidade competitiva.
Isso é confirmado por uma pesquisa da Universidade de Harvard, que conclui que “a presença de mais mulheres em cargos de liderança em gestão corporativa está correlacionada ao aumento da lucratividade dessas empresas”. Com esses argumentos, ter uma mulher em cargo de liderança pode ser realmente bastante lucrativo.
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